sábado, 8 de maio de 2010

DISSGRAMA, O ROTEIRO(1 VERSAO)

festas alegres. Muitos amigos. Comida e bebida farta. Reencontros. Danças. Pessoas isoladas usam drogas, mesmo assim o parabenizam, iguais aos demais.
Fim de noite. Casa finalmente vazia. Ele dorme fazendo carinho no cabelo de sua mulher.

Irritado D acorda do sonho. Usa vestes multicores, esfarrapadas e remendadas sentado num banco do trabalho de segurança que exerce. Ele xinga se duas vezes:

-Seu viado filha da puta! Pra que essa merda de sonho!?!!

Um segurança vem cobrir seu turno trazendo seu pagamento quinzenal + os atrasados. 500 reais no total. Contente, D ressalta:

-Odeio folgas... sempre torro tudo o que tenho.

-Desculpa perguntar, mas que roupa é essa? Pergunta o segurança, na tentativa de segurar o riso iminente.

D não o responde, resmunga no lugar disso, e se despede abrindo um mindinguinho.

Entra o nome titulo: DISSGRAMA

Caminha pela cidade bebendo. Para. Compra bebida e comida, comendo os eventualmente.
Bares fecham.

Sentado na porta de um bar ouve musicas pop cantadas de forma infame no karaoke. Ri, chora e reflete sobre o conteudo do que é dito. Ele esta bebado e bebe mais.

De repente, entra numa birosca apertado pra cagar. Dentro do banheiro alivia se, só depois percebe não haver papel higienico. Em desespero limpa se com um pano de chão jogado num canto.

Pela rua novamente, cheio de sono, dorme varias vezes, tendo sonhos diversos: eroticos, bundas desfilam despindo se tentadoras; falidos, de seu pagamento acha apenas moedas de pequeno valor nos bolsos; e cegos, caminha por corredores enxergando apenas a cor e a luminosidade do local. Acorda sempre nervoso deles. Passa por mendigos, travestis, mendigos travestis, bebados, boemios e musicos. Evita os rispido.

Vaga sem destino. Chega numa obra cercada por tapumes. Num deles lê uma pixação: Assalto por aqui. Abaixo da frase uma seta indica a direção que esta seguindo. D faz meia volta.

Volta a perambular e encontra um amigo com quem inicia uma conversa.

-E ai cara, como vai? Sozinho, ainda por ai. Fulano disse que te ofereceu uma vaga lá no ape dele e tu ate agora nada. Para com isso de viver na rua cara. Sabia que geral ta preocupado?

-Sabia. Mas tambem to afastado de geral ha tanto tempo. Sou livre e com dinheiro. Livre de verdade. Nem de putas gosto mais. Acabam iguais a namoradas em fim de relacionamento. Muito gasto nenhum prazer. Ja voce... é mal casado e duro. O que é voce pra falar de mim!? Desdenha D do amigo.

Ao longe, durante o papo, avista uma puta dormindo toda arreganhada de bunda pra cima.
Para finjindo querer mijar. Não se contendo tenta estupra la, sendo impedido pelo amigo com quem briga.

Raivoso, deita se na sarjeta, um pouco distante do acontecido. Acha um mindinguinho e varios copos de plastico cheios de cerveja no meio fio. Enlouquecido, enraiceido, bebe tudo com desprezo torpe.
Xinga aos gritos coisas desconexas ao lado de um encosto em extase.

Amanhece num banco de praça. Lixo acumala se nas ruas ao redor. D para em frente a uma igreja. Faz menção de entrar, mas recua.

Para numa praça com fonte, onde cuida da unha encravada. Perto dali ve pessoas comendo lixo.

Caminha na areia da praia. Suas roupas imundas lhe trazem nojo. Joga fora sua camisa comprida.
Vai a uma loja. Compra novas peças, descarta as velhas.
Num banheiro lava pescoço, rosto e cabelo.

Passa o meio dia. Logo apos uma esquina ve uma mendiga, mais gostosa que qualquer mulher vista por ele ultimamente, deitada no meio fio em cima de papeloes e jornais. Ela possui na face claros sinais recentes de espancamento.
De bastão na mão, enojado, acerta seguidas pancadas nela, sem demostrar a menor piedade. A mendiga morre ou quase. Revive em agonia aflita. Alguem ve o acontecido e pede socorro, por fim fugindo assustado, sem nem ao menos esperar por algum ajuda. D olha a testemunha correndo e não faz nada.

Voltando a cabine de vigia, rende o turno do rapaz ali.
Antes de ir embora, o segurança pergunta receoso:

-Que sangue é esse na sua camisa?

-Não é sangue! Responde D cinicamente, instantes antes de colocar seu jaleco de vigia e adormecer numa cadeira.

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